segunda-feira, julho 26, 2010

A Europa sozinha com a sua política energética

Esta semana o Senado norte-americano desistiu da proposta da Administração Obama para criar uma multa sobre as emissões de gases de efeito de estufa e promover o uso de energias renováveis.
A nossa imprensa mal falou nisso, e quando falou foi para desvalorizar o facto dizendo que se tratou de um mero "adiamento para o Outono".
Mas, na verdade, a notícia tem um significado brutal que os nossos ecotópicos não estão interessados que se alcance: a Administração Obama não se limitou a "adiar para o Outono" a sua proposta climática: pura e simplesmente desistiu dela!
E desistiu dela por que a prioridade americana é o relançamento económico e porque nos EUA não há apoio popular para estas medidas (a propaganda "green" que impera por cá, lá tem contraditório)!
E, com isto, como notam do outro lado do Atlântico mais a Sul, "é zero a chance de um acordo internacional contra emissões no México". O que isto quer simplesmente dizer, e que é o que os nossos ecotópicos se esforçam para que não percebamos, é que as propostas europeias para Copenhaga estão mortas!
A Europa está sozinha!
Coisa que, afinal, tenho vindo a notar desde antes ainda da cimeira de Copenhaga...

Um dos evidentes sinais da falta de vontade americana para mudar radical e rapidamente o seu modo de vida é a insistência que tanto os relatórios do EPRI, como os da Academia de Ciências dos EUA, fazem quanto à necessidade de desenvolvimento das tecnologias do "carvão limpo" (captura e enterramento do CO2 emitido pelas centrais eléctricas a carvão).
Nos EUA o carvão é responsável por quase metade da electricidade produzida (mundialmente é-o por 40%, e na China é por mais de 2/3), mas as centrais eléctricas a carvão são consideradas responsáveis por 1/4 de todo o CO2 emitido pela queima de combustíveis fósseis, embora esta queima em si mesma só seja responsável por metade de toda a actividade humana geradora de Gases de Efeito de Estuda, como já tenho notado aqui e aqui.
O problema é que, como explica o referido relatório da Academia das Ciências dos EUA, o carvão americano é barato e as suas reservas dão pelo menos para mais um século! Compreende-se, por isso, as renitências americanas relativamente ao abandono do carvão e a insistência na sua manutenção, embora "limpo".
Só que há um problema grave: é que, no estado actual da tecnologia, não há nenhuma solução comprovada com viabilidade técnica, e menos ainda económica, para a "captura e enterramento do CO2" em grande escala! E, portanto, ainda que os EUA e também a China, e a Índia, vão falando no "carvão limpo" para de daqui a 10 a 20 anos, entretanto o que é certo e garantido é que vão continuar a usar o carvão sujo, e que a única forma de produção de energia que com ele pode competir é a nuclear - se conseguir demonstrar, com a nova 3ª geração das próximas centrais em construção, que mantém a competitividade económica ao mesmo tempo que garante a segurança!
Entretanto a Europa oficial, a do longínquo Governo de Bruxelas, persiste no seu devaneio de "liderança mundial" de um sonho de desindustrialização e bem estar ecológico que é, de facto, uma utopia - sobretudo quando extrapolada para a restante Humanidade que quer ascender ao bem-estar da sociedade industrial. Uma ecotopia, de facto.

2 comentários:

Anónimo disse...

Constato que os devaneios utopistas são mais comuns do que o que se julga.

Lura do Grilo disse...

O parlamento da Finlândia aprovou recentemente a construção de duas novas centrais nucleares. Com uma em construção e julgo que duas ou três em funcionamento serão suficientes para servir 50% das necessidades do país. A Suécia travou a tendência de as desmantelar e nós temos gravuras que não sabem suspender a respiração.