domingo, dezembro 20, 2009

Copenhaga: um banho de realidade!

Há 18 dias escrevi aqui um post em que afirmava que "a China, com os EUA, será quem determinará o futuro do tratado climático", e também que "o que a China propóe para Copenhaga será o que a Índia, o Brasil, e todos os países que ambicionam sair da miséria e serem grandes potências adoptarão: reduzir a "intensidade do CO2 da sua economia" desde que nada limite o crescimento desta". E notava ainda que a Europa dos 27, que já só tem 1/12 da população mundial, terá em 2050, data-alvo das negociações, apenas 1/18 dessa população...
Pois o acordo aí está a confirmar o que escrevi e que era óbvio a quem conseguisse ver através da mistificadora propaganda com que o pensamento único de Bruxelas nos intoxica diariamente: "acordo vago e sem ambição acaba com liderança da UE", escreve o Expresso. Ora essa liderança só existia na cabeça iluminada pela causa da salvação do Mundo dos ecotópicos europeus, como os números da demografia e da economia incontornavelmente demonstram, e sobretudo os números das suas derivadas (ou, em linguagem não-matemática, dos seus ritmos de crescimento). Iluminação que, parece, acometia o nosso Presidente europeu e o nosso Primeiro Ministro...
Os EUA lideraram, de facto, um acordo para 2050. No sentido em que se entenderam com quem, de facto, será relevante neste mundo em 2050. E a Europa, que acolheu o oportunismo de países como o Sudão, que genocida as suas populações do Sul e que se queixa de que eles e os outros países pobres só emitem 3% dos Gases (repetindo a conversa da extrema-esquerda ocidental que esquece que os próprios relatórios da ONU contabilizam em de 40 a 50% a contribuição da desflorestação e maus usos do solo desses países para o Aquecimento Global), essa Europa será quem pagará 45% dos fundos de "ajuda" aos países pobres. O Japão pagará outros 45% e os EUA... 5%!
É que estas coisas nos EUA discutem-se a sério, e ai da Presidência americana se tivesse alinhado em semelhante conversa por cá, que nunca mais teria hipótese de aprovar alguma coisa no Senado!
Paises pobres que queriam a garantia da continuação de Quioto. E porquê? Porque Quioto não lhes exige nada e garante uma renda em "ajuda" que, em muitos desses países e como se sabe, vem a acabar em contas numeradas na Suiça e off-shores de variada localização!
Não, nem americanos, nem chineses (que entretanto tentaram aumentar a sua influência sobre esses países), nem indianos, vão em tal coisa.
E, basicamente, o que os EUA fizeram foi neutralizar a tentativa chinesa de liderar o 3º Mundo na sua reivindicação "anti-imperialista" (uma orientação que já vem de Mao Tsetung) enquanto, ao mesmo tempo, trabalhavam uma aliança com a África do Sul, único país que geopoliticamente interessa na África sub-sahariana e a longo prazo.
Brilhante!
Isto, politicamente.
Quanto ao Aquecimento global... logo se vê! Vai-se fazer o melhor possível, entretanto.
Quanto a Portugal: bem, a realidade de estarmos na senda da Grécia também se vai impondo de forma crescente dia a dia. Vejamos o que acontece à Grécia, porque a seguir seremos nós.

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