terça-feira, julho 07, 2009

Uma "esperteza" realmente necessária nas redes eléctricas

Um dos graves problemas que a proliferação das eólicas está a trazer às redes eléctricas é a da sua segurança.
Com efeito e ao contrário do que desde sempre foi exigido às centrais de geração tradicionais, às eólicas não tem sido exigido que suportem as oscilações de potência que ocorrem quando dos inevitáveis incidentes a que a rede está sujeita, o que as predispõe a que "desafinem" facilmente, se desliguem e possam causar apagões, como notei aqui.
Mesmo que as turbinas eólicas evoluam para serem capazes de aguentar essas oscilações e darem o seu contributo à segurança das redes, o que tecnologicamente já está a acontecer graças à pressão das regras técnicas alemãs, que claramente pretendem manter a liderança tecnológica mundial da sua indústria de turbinas (que os EUA se preparam para desafiar), é preciso que países como o nosso adoptem regras técnicas similares para não se tornarem o "caixote do lixo" das indústrias de turbinas obsoletas. Como está exemplarmente a fazer a Irlanda, por exemplo, que também não fabrica turbinas mas também tem muita energia eólica (pudera, têm os melhores ventos da Europa!...)
Mas isto não basta.
Há um problema crítico com as grandes instalações eólicas ligadas às redes de Distribuição de energia, que não foram pensadas para encaixarem essa produção, e que em Portugal, como em alguns outros países (mas não em Espanha) encaixam quase metade da produção eólica. Esse problema é um problema técnico, e consiste em como poderão as instalações eólicas distinguir um incidente na rede de origem local, de um com origem na rede de Muito Alta Tensão da REN. Trata-se de um problema crítico para que se evitem os apagões, desde que as turbinas tenham as modernas capacidades que referi.
Ora a solução desse problema passa por sistemas de protecção que requerem comunicações muito rápidas e flexíveis entre equipamentos dispersos na rede eléctrica, comunicações que são a base do futurista conceito das "smart grids".
Há normas internacionais em desenvolvimento para o efeito, mas tratam-se de coisas ainda pouco maduras para as quais não há ainda produtos no mercado mundial. Eis um assunto correspondendo a um problema realmente existente que poderia ser uma oportunidade para as nossas empresas, se quem de direito - concretamente, o Ministério da Economia, que é quem supervisiona estes assuntos - produzisse a legislação com normativos técnicos a cumprir pelos produtores de energia que os melhores dos outros países têm...

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