domingo, julho 26, 2009

Ainda o mistério do grande salto em frente da I&D das empresas: conjectura final

Hoje, na sequência do que tenho vindo a escrever aqui, no desenvolvimento do que escrevera aqui e aqui e iniciara aqui, o jornal o Pùblico on-line publicou um artigo que confirma e desenvolve tudo o que eu já tinha dito sobre este assunto!
Depois do bom trabalho jornalístico do jornal, acrescentaria apenas e para finalizar este assunto, a seguinte conjectura:

  • Entre as principais empresas industriais que entre nós fazem realmente I&D e que os investigadores conhecemos bem, além da Hovione há que assinalar que a EFACEC continua com uma boa posição (surge nas estatísticas agora integrada no Grupo Mello, sinal de que os Mello tomaram ascendência sobre a TMG nortenha na sua gestão e o que é excelente, porque este grupo lhe dá a solidez financeira de que ela carecia), mas que a SIEMENS ainda investe muito mais que a EFACEC! E investe mesmo! As centenas de "crâneos" que trabalham em Alfragide fazem-no para todo o Mundo! E a I&D da EFACEC poderia ter muito mais sucesso se a empresa conseguisse pôr fim à guerra Porto-Lisboa que a assola!...
  • Entre as empresas de Informática, o grupo Novabase do meu amigo Rogério Carapuça continua a gastar metade da despesa nacional em I&D do sector informático. Não esqueçamos que a Novabase deve a sua origem ao INESC e é, por isso, uma das (poucas) iniciativas empresariais de sucesso nascidas na Universidade - mas o Carapuça já tinha inoculado o bichinho da iniciativa empresarial na família...
  • Quanto à Banca é que estou convencido que 95% pelo menos da sua despesa de I&D é mera imputação de custos de engenharia informática simples. De qualidade, mas simples engenharia. Mais conjecturo que o BCP foi quem sempre o fez (até 2008 e desde 2001 foi ele quem liderou a despesa empresarial nacional, e não a PT inovação), sabendo-se como a ética deste Banco sempre foi muito elástica, e que o BPI e outros Bancos só se lhe juntaram em 2007 depois de verem que o próprio Governo desejava essa "contabilidade criativa", para não lhe chamar o que de facto é: uma peta!
Indagado, o meu amigo engenheiro que tem uma empresa informática que trabalha para a Banca e que conhece perfeitamente o que ela faz na matéria, opina: "O BCP na área da investigação? Não acredito. Acho que há aí uma grande confusão entre investimento na área do negócio e investimento em I&D. Com efeito eles foram pioneiros na área da banca telefónica (lembras-te do Banco7?), na área dos “call centers” (tem um centro topo de gama no site do Tagus Park) e genericamente em investimento de IT (mainframes, comunicações, sistemas de disaster recovery etc). Mas daí a considerar tais investimentos como se fossem I&D vai um passo enorme."
  • Peta essa que se generalizou nas empresas tuteladas pelo Governo.
E posto isto, duas conclusões:
  1. Na verdade e com esta "inovação" estatística, não sabemos ao certo que evolução houve de facto na I&D empresarial nacional;
  2. Esta maquilhagem estatística deve ter custado ao erário público, em receitas de IRC não cobradas, algumas dezenas de M€ por ano, desde 2006. A duplicar, a partir de 2010...

Sem comentários: